Você deve estar pensando, isso é pegadinha de 1º de abril?
A Microsoft em seu evento BUILD 2016, anunciou parceria com a Canonical, mantenedora do Ubuntu Linux, com a informação que o Shell (linha de comando) do Linux será integrado ao Windows 10, possibilitando rodar os dois sistemas ao mesmo tempo.
Linux no Windows! Evolução ou gambiarra?
A notícia agradou muito a comunidade de desenvolvedores, esperançosos em rodar seus programas nas duas plataformas, de forma nativa, sem grandes esforços.
Mas será que funcionará bem ou terá emulação de programas estilo wine? Conforme informações da empresa não se trata de uma máquina virtual a correr Ubuntu, mas sim execução nativamente do Ubuntu e todos os seus programas. Confira uma explicação mais técnica sobre como vai funcionar. http://blog.dustinkirkland.com/2016/03/ubuntu-on-windows.html
No lançamento do Windows 10, a própria Canonical criou uma lista de motivos pelos quais os usuários deveriam repensar se atualizam para o novo sistema operacional da Microsoft ou se experimentam outras alternativas gratuitas e “mais seguras” baseadas em Linux, como o Ubuntu, estranho uma parceria agora?
Outro detalhe, que não deve passar despercebido, são as parcerias realizadas pela Microsoft, talvez a Canonical não conhece seu histórico. (Comentários por Francivan Bezerra, BrLinux)
IBM: Parceria com a Microsoft para o desenvolvimento de um novo sistema operacional, o OS/2. No meio do projeto, quando a Microsoft já tinha tirado da IBM o que queria, abandonou a parceria, pegou o sistema de arquivos que haviam criado juntos e lançou o Windows NT. A IBM ficou com o OS/2 e nunca conseguiu emplacar o SO.
Sega: Parceria com a Microsoft para desenvolvimento e lançamento de um novo console de videogame, o Dreamcast. Um belo dia a Microsoft resolveu não investir mais na parceria e seguiu com um projeto de videogame próprio (ninguém reparou na semelhança da posição dos direcionais e botões nos controles do Dreamcast e Xbox?). Após a quebra da parceria a Sega foi obrigada a parar de fabricar consoles ou correria risco de falência, passando a levar seus jogos para outras plataformas.
Nokia: Depois de anunciada a parceria as ações e as vendas da Nokia despencaram vertiginosamente. Projetos internos como MeeGo e Symbian foram descontinuados em favor do Windows Phone, que sobreviveu, mas passou a ser administrado pela Digia. A divisão Mobile da Nokia ficou tão enfraquecida que não houve outra opção a não ser vendê-la para o parceiro.
A Canonical devia prestar atenção nesses sinais. Parceiros da Microsoft historicamente acabam sendo prejudicados.
Outro detalhe, Steve Ballmer, afirmou em entrevista que o Linux é um câncer “Linux is a cancer that attaches itself in an intellectual property sense to everything it touches” – Steve Ballmer, 2001.
Não estou aqui defendendo com militante o Linux, como profissional de TI preciso utilizar as duas plataformas, mas confio no Linux pela segurança que me proporciona. Essa integração, se realizada de maneira ética e profissional, sem interesses capitalistas, será uma mão na roda para profissionais da área.
Alguns questionamentos importante a considerar:
- Os programas do Linux rodarão nativamente, com todas as dependências necessárias, sem engasgos?
- Qual a utilidade de pagar licença para utilizar o Ubuntu no Windows?
- Essa integração prejudicará a segurança e credibilidade que os Sistemas baseados em Linux possuem?
- Será que a Canonical está se vendendo aos softwares proprietários?
Afinal, o que a Microsoft deseja?
Duas hipóteses possíveis, a Microsoft quer tornar o Windows universal, incluindo o Linux neste processo ou ameaçar os sistemas Linux, com a presença de mercado que possui, diante de um cenário cada vez mais propício ao crescimento do Linux.
O que você pensa dessa integração? Deixe sua opinião